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Cada instante um milagre: desfrute de seu tempo

O que procuram as pessoas que vivem correndo de um lado para o outro? Em última análise procuram o céu, o aconchego, o repouso. Mas elas procuram este lar fora de si. Assim correm sempre mais rápido para encontrar esse céu em algum lugar. Apenas precisariam voltar-se para dentro de si mesmas e então descobririam o céu no interior de si mesmas. E teriam tudo o que estão procurando. Lá dentro matariam a saudade. Poderiam acalmar-se, ficar paradas e ser tranqüillizadas por Deus que habita dentro delas e que lhes dá de presente tudo o que anseiam.

Quando descobrimos o céu dentro de nós, falta somente voltar-nos para dentro de nós, e estaremos no céu. E então estaremos passando por momentos divinos. Então deixaremos de correr.

Deixar o tempo passar sem dar atenção, matá-lo com muitas atividades vazias, é maltratar o tempo. O tempo maltratado me castiga retirando-se do presente. É perder-se para mimha vida. Num tempo assim perdido, perco-me para mim mesmo/a. Não consigo sentir-me. Não estou comigo. Não estou presente. O tempo já não está presente o que me impossibilita de viver o tempo presente. O próprio tempo se retira de mim. Vivo correndo atrás dele ou deixando de percebê-lo. Ele passa em mim sem revelar-se o seu mistério.

Há pouco espaço entre o tempo em que somos jovens demais e quando somos velhos demais (Charles de Montesquieu). Quando vivo o presente revela-se para mim o mistério da minha idade atual concreta. E percebo a chance de estar presente, agora, e de viver.

Todo prazer quer eternidade. Quer profunda, profunda eternidade. Não é possível experimentar prazer durante tempo prolongado. Mas, se abolir o tempo, ele já ultrapassa nossa finitude. Nele residem saudade e vislumbre de eternidade.

Eternidade aqui é o instante que é vivenciado com extrema profundidade, no qual estou inteiramente naquilo que estou fazendo, que estou sentindo, que sou. É uma experiência que perpassa todo o corpo, que faz a pessoa vibrar em corpo e alma, que sacode o mais íntimo da pessoa. Este prazer tem algo do sabor da eternidade.

(Autor desconhecido. Texto publicado no livro Afetividade e Sexualidade).